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14.5.11

Fada Morgana



Atrás de Guinevere estão as tradições das rainhas celtas. Atrás de
Morgana e da Dama do Lago, se ocultam tradições de sacerdotisas e
Deusas. A rainha celta reinava por direito próprio, comandava exércitos
como Boadicea e tinha amantes. Para os autores medievais esta liberdade e
igualdade da mulher era inaceitável e incompreensível. Ela foi
considerada libertina e atrevida ao se tornar infiel.

Da mesma forma, dado que o mito pagão e a magia são considerados os
piores dos pecados, Morgana se converte em uma bruxa que conspira contra
Artur, e Nimue, a dama do Lago, passa a ser a ruína do embrutecido
Merlim. Mas a história poderia ter sido bem diferente, não é mesmo? Pois
sabe-se hoje, que o amor não é um sentimento que precise testemunhas,
muito menos ser negociado, como foi imposto à Guinevere.


Na nossa Era, as mulheres já conquistaram seu espaço e o respeito dos
homens e hoje nos unimos à eles através do amor da alma. Na tradição
celta existe um belo entendimento do amor que resume-se a uma palavra:
"anan cara". Anam é a palavra gaélica para alma e cara é a palavra para amigo.

Na vida de todos, existe uma grande necessidade de um anam cara, um
amigo da alma. Neste amor, somos compreendidos tal como somos, sem
máscara ou afetação. As mentiras e meias-verdades superficiais e
funcionais das relações sociais se dissolvem e pode-se ser como
realmente se é.

O amor permite que a compreensão se manifeste, pois quando se é
compreendido, fica-se à vontade. A compreensão alimenta a relação.
Quando nos sentimos realmente compreendidos, sentimo-nos desembaraçados
para nos libertar à confiança e abrigo da alma da outra pessoa.

Este reconhecimento é descrito neste belo verso:

"TU NÃO TE PARECES COM NINGUÉM PORQUE TE AMO" Paulo Neruda

Quando danço com a Vida

danço meu próprio ritmo

mantendo o meu compasso

Minhas marés anímicas

estão alinhadas e fluem

com a minha pulsação

minha expressão única

Reverenciando a mim mesma

eu reverencio tudo

Quando você dança

com a sinfonia da Vida

qual é seu ritmo?

É rápido ou lento

lépido ou litúrgico

repetitivo ou volúvel?

Você deixa o ritmo levá-la(o)

ou abatê-la(o)

acalmá-la(o)

encorajá-la(o)

ou perturbá--la(o)?

Como é seu ritmo?

Morgana representa na lenda arturiana, a figura de uma Deusa Tríplice da morte, da ressurreição e do nascimento, incorporando uma jovem e bela
donzela, uma vigorosa mãe criadora ou uma bruxa portadora da morte. Sua
comunidade consta de um total de nove sacerdotisas (Gliten, Tyrone,
Mazoe, Glitonea, Cliten, Thitis, Thetis, Moronoe e Morgana) que, nos
tempos romanos, habitavam uma ilha diante das costas da Bretanha. Falam
também das nove donzelas que, no submundo galês, vigiam o caldeirão que
Artur procura, como pressagiando a procura do Santo Graal. Morgana faz
seu debut literário no poema de Godofredo de Monntouth intitulado "Vita
Merlini", como feiticeira benigna.




Mas sob a pressão religiosa, os autores a convertem em uma irmã bastarda
do rei, ambígua, freqüentemente maliciosa, tutelada por Merlim,
perturbadora e fonte de problemas.

Nenhum personagem feminino foi tão confusamente descrito e distorcido
como Morgana ou Morgan Le Fay. A tradição cristã a apresenta como uma
bruxa perversa que seduz seu irmão mais novo, Artur, e dele concebe o
filho. Entretanto, nesta época, em outras tribos celtas, como em muitas
outras culturas, o sangue real não se misturava e era muito comum
casarem irmãos, sem que isso acarretasse o estigma do incesto.



Morgana e Artur tiveram um filho fruto de um Matrimônio Sagrado entre a
Deusa (Morgana encarna como Sacerdotisa) e o futuro rei.

O "Matrimônio Sagrado" era um ritual, no qual a vida sexual da mulher
era dedicada à própria Deusa através de um ato de prostituição executado
no templo. Essas práticas parecem, sob o ponto de vista da nossa
experiência puritana, meramente licenciosas. Mas não podemos ignorar que
elas faziam parte de uma religião, ou seja, eram um meio de adaptação
ao reino interior ou espiritual.

Práticas religiosas são baseadas em uma necessidade psicológica. A
necessidade interior ou espiritual era aqui projetada no mundo concreto e
encontrada através de um ato simbólico Se os rituais de prostituição
sagrada fossem examinados sob essa luz, torna-se evidente que todas as
mulheres devessem, uma vez na vida, dar-se não a um homem em particular,
mas à Deusa, a seu próprio instinto, ao princípio Eros que nela existia.

Para a mulher, o significado da experiência devia residir na sua
submissão ao instinto, não importando que forma a experiência lhe
acontecesse. Depois de passar por essa iniciação, os elementos de desejo
e de posse ficam para trás, transmutados através da apreciação de que
sua sexualidade e instinto são expressões de força de vida divina cuja
experiência no plano humano.

A nível transpessoal, o "matrimônio sagrado" envolve o mistério da
transformação do físico para o espiritual, e vice-versa. Cada pessoa
conecta-se com o universo como se fosse célula única no organismo do
campo planetário da consciência. A partir da união do humano com o
divino, a "Criança Divina" nasce. A "Criança Divina" é a vida nova, vida
com nova compreensão, vida portadora de visão iluminante para o mundo.